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Nota

Envelhecer com Saúde

Charles Rodrigues

Médico Geriatra

Primeiro de outubro é o Dia do Idoso, segundo a lei 11.433 de 2006. Anteriormente, a data era comemorada em 27 de setembro, porém foi alterada para o dia da criação do Estatuto do Idoso. O Brasil, assim como a maioria dos países desenvolvidos passa por um processo de envelhecimento. A expectativa de vida já alcança a faixa de 74,6 anos e estima-se que no ano 2030 a população de idosos irá superar a de crianças.

Mas o que é o envelhecer além de números e estimativas?

A associação de velhice com doenças é comum entre muitas pessoas, como se fosse sinônimo de adoecer, o que não é verdade. Quando pensamos na senescência logo surge o medo de doenças, limitações e dores. Envelhecer envolve nosso lado psicológico, social, ambiental, religioso entre tantos outros, e não apenas a saúde. Todas estas facetas são interligadas e influenciam o modo como percebemos nossa vida. O envelhecimento, assim como a infância, a juventude e a idade adulta é apenas uma fase da vida e deste modo deve ser encarado. É um processo natural de todo ser vivo, pois envelhecemos desde o dia que nascemos. A escolha a fazer é como vamos envelhecer. Podemos nos conformar e passar este período nos queixando de nossa mazelas, relembrando como “no meu tempo” era bom, ou então adotando uma postura positiva, vendo as qualidades que o tempo nos propiciou, tudo o que conseguimos acompanhar, toda a revolução por que passou e está passando o mundo, enfrentando as adversidades, superando-as quando possível e aprendendo a conviver com as limitações impostas pelo passar do tempo. Existem muitos idosos que possuem diversos problemas de saúde, como perda de autonomia, dificuldades sociais, financeiras e familiares, mas optam por ser felizes. Estes vivem bem e melhor que muitos outros saudáveis. Mas, afinal, o que podemos fazer para que nossa velhice possa ser aproveitada ao máximo, é vive-la com qualidade utilizando nosso tempo para atividades prazerosas. No processo de envelhecer muitas alterações não são doenças, como o branco dos cabelos, a menopausa nas mulheres, a calvície em alguns homens, a diminuição da força muscular, o progressivo aumento da fragilidade, a lentificação dos reflexos, tudo natural do passar dos anos. Outras alterações são comuns da 3ª idade, como o surgimento de doenças crônicas como diabetes, pressão alta, dores articulares, diminuição da massa óssea e muscular, falhas de memória, dificuldade de concentração entre muitas outras. Além das alterações relativas à saúde, a velhice tem aspectos que envolvem a perda das referências sociais (cônjuge, amigos, familiares), aposentadoria, entre outros que terminam com o isolamento do idoso.

E como fazer para envelhecer com qualidade e independência?

O envelhecimento saudável baseia-se em cinco pilares principais: atividade física, alimentação equilibrada, atividade mental e social, cuidado com as doenças e crença em um ser superior, atitudes que devem ser iniciadas o mais cedo possível. As atitudes que tomamos ao longo da vida irão se refletir na terceira idade transformando-a assim na melhor idade. Os exercícios físicos apropriados para cada faixa etária mantém o organismo ativo, prevenindo doenças, ajudando no controle daquelas já estabelecidas e ainda proporcionam sensação de bem estar. Uma atividade física adequada para o idoso é a caminhada, feita no mínimo cinco vezes por semana , se possível diariamente, durante 30 minutos. Além de proporcionar condicionamento físico com manutenção da musculatura, do equilíbrio e da força, o exercício proporciona possibilidade de interação social, seja na academia, nos parques ou mesmo nos shopping centers que, por terem controle de temperatura, piso e iluminação adequados também podem se prestar para este fim. A atividade mental começa com a diminuição do tempo que se fica em frente a televisão. Devemos aproveitar o tempo livre com leitura, artesanato, fazer aquele curso que há muito tempo estava planejado e sempre ficou “para quando tivesse tempo”. Aprender uma nova língua, fazer palavras cruzadas, começar a tocar um instrumento musical, aprender a usar o computador são algumas atividades que melhoram a memória e a concentração e estão disponíveis em vários locais. Procure na sua comunidade, que você vai encontrar. Além disso, também a vida social torna-se mais rica e produtiva.

É comum a resistência em desenvolver novos projetos afastando-se da nova geração e progressivamente perdendo o interesse pela vida. Não tenha receio ou preguiça, enfrente o novo, aceite mudanças, aproveite o que o progresso e a tecnologia tem de bom.

A alimentação é outro dos pilares. Há um ditado que resume o que se pode dizer: “você é o que você come”. Ou seja, uma vida e consequentemente um envelhecimento saudáveis começam com o cuidado do que comemos. Não devemos consumir alimentos ricos em gorduras saturadas, sal e açúcares. Este é o caminho mais rápido para o desenvolvimento das doenças que afetam o adulto e o idoso. A introdução de alimentos saudáveis não é difícil e pode ser feita por todos. O correto é aumentar o consumo de frutas e verduras, incluindo rotineiramente alimentos ricos em ômega 3 como as oleaginosas (nozes, avelãs, castanhas e amêndoas) e o consumo de peixe de duas a três vezes por semana. Tratam-se de atitudes simples e com resultados muito positivos. Recomenda-se ao idoso fazer três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, não pulando refeições. Bons hábitos incluem diariamente cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos (batata) e raízes (mandioca), dando-se preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Também deve-se seguir a regra dos 3, ou seja, comer diariamente pelo menos três porções de legumes e a mesma quantia de frutas nas sobremesas e lanches, além de três porções de leite e derivados. Carnes, aves, peixes ou ovos são a parte menor e correspondem a uma porção. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.

A religiosidade é outro aspecto importante de nossas vidas. Ter fé torna o envelhecimento mais leve, diminui o medo da morte, facilita a aceitação das doenças e das limitações. A religiosidade se apresenta como uma variável de grande importância no processo de envelhecimento bem-sucedido. É uma fonte de apoio no enfrentamento de crises e mudanças que ocorrem nesta fase do desenvolvimento, servindo também de mediadora e favorecedora do convívio social. E finalmente, cuide dos aspectos relacionados à prevenção e ao tratamento das doenças procurando seu médico regularmente e tomando seus medicamentos nos horários agendados.



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