Você está em: Página inicial | Notícias | Os transplantes e o Hospital Santa Lucinda
Nota

Os transplantes e o Hospital Santa Lucinda

Os transplantes e o Hospital Santa Lucinda

O médico nefrologista Francisco Antonio Fernandes conta, nesta entrevista, um pouco mais sobre o programa de transplantes renais do Hospital Santa Lucinda (HSL), realizados em parceria com o Centro de Diálise e Transplante Renal (CDTR).

Ele é o atual coordenador médico do serviço de transplantes do hospital. Além disso, Fernandes também já ocupou o cargo de diretor administrativo do HSL e é secretário da Saúde em Sorocaba.

Qual a abrangência do serviço de transplantes?
O serviço envolve as equipes de Nefrologia, Urologia e Anestesia, que atuam de forma direta nos pacientes transplantados. Já outras especialidades – como Infectologia, Cardiologia, Terapia Intensiva e Radiologia – atuam com alguma frequência, mas na medida em que são chamadas para avaliar e opinar sobre certos casos.

Num passado recente, o exercício dos médicos cirurgiões vasculares foi fundamental para o desenvolvimento da técnica cirúrgica de transplantes em Sorocaba. O HSL e o CDTR estão atrelados ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cuja central regional está na cidade de Ribeirão Preto e é coordenada pela Faculdade de Medicina da USP. O serviço também está cadastrado na Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). 

Quantas pessoas integram, atualmente, o serviço de transplantes do HSL?
A equipe é composta por dez nefrologistas – desses, cinco são professores da área de Nefrologia da PUC-SP –, quatro urologistas e dois anestesistas. Participam, ainda, os médicos residentes das disciplinas de Nefrologia, Urologia e Clínica Médica. 

Quando o serviço foi criado?
O serviço de transplante renal existe desde 1991. Porém, desde 1986, os professores da Nefrologia haviam realizado seis cirurgias desse tipo no Conjunto Hospitalar de Sorocaba. A partir de 1991, elas se tornaram regulares. Em 1996 e 1997, por exemplo, chegaram a ultrapassar os vinte procedimentos anuais. 

Quantos procedimentos já foram realizados pelo serviço?
Somam-se mais de 200 procedimentos num período que vai além de 20 anos. Nos últimos três anos, foram realizadas, em média, 15 cirurgias de transplante renal a cada doze meses, sendo 70% delas com doadores falecidos e 30% com doadores vivos relacionados (ou seja, familiares). 

Hoje, em torno de 150 pacientes são seguidos no Ambulatório de Transplantados Renais do Hospital Santa Lucinda. O mais antigo está sendo acompanhado há 25 anos. 

Embora com poucos números, os resultados do serviço são bons, com sobrevida dentro da expectativa da literatura mundial. Na média, ultrapassam-se os oito anos de rim transplantado funcionante. 

Qual o grande desafio do serviço?
Manter uma equipe grande, diferenciada, qualificada e motivada para a realização de uma cirurgia a cada cerca de 15 a 20 dias. A motivação, neste caso, não pode ser financeira, mas sim acadêmica: de formação de profissionais e crescimento do serviço. 

Outro desafio é, nestes dias difíceis para a economia brasileira, manter as instituições incentivadas a realizar procedimentos de alta complexidade, com tabelas de repasses financeiros desatualizadas. 

Em sua condição de médico, ex-dirigente hospitalar e gestor público da saúde, o que falta (se é que falta algo) para melhorar a sistemática e os números dos transplantes no Brasil?
Este país tem, por incrível que pareça, um dos melhores e mais justos sistemas de transplante de órgãos do mundo. Ele seguiu os modelos da Espanha e Reino Unido: na distribuição dos órgãos, prevalece a compatibilidade. Isso privilegia a maior sobrevida dos enxertos, com menor índice de complicações e de internações.

Em São Paulo, localiza-se o Hospital do Rim e Hipertensão, que foi, por vários anos, o maior transplantador de rins do mundo, tendo recebido inúmeros prêmios internacionais.

Na minha modesta opinião, alguns dos itens para melhorar as condições de transplantação no Brasil seriam privilegiar os grandes centros, sem se esquecer dos menores; viabilizar as vagas para casos complicados e raros dos centros menores em outros, com maior capacitação; melhorar a tabela de remuneração hospitalar; estimular as instituições a realizar, cada vez mais, esses procedimentos; aprimorar o financiamento dos ambulatórios de seguimento de pacientes transplantados e não permitir a falta dos medicamentos de alto custo que evitam a rejeição.



PUC-SP | Fundação São Paulo - logo

Hospital Santa Lucinda
Rua Cláudio Manoel da Costa, 57 - Jd. Vergueiro
Sorocaba - SP | ver mapa de localização

Telefone: (15) 3212.9900
FAX HSL: (15) 3212.9815 ou (15) 3212.9900 Ramal 9600