Por: Jornal Cruzeiro do Sul.

Para a médica Maria Helena Senger a obesidade é problema de saúde pública mundial. (Foto: Jornal Cruzeiro do Sul).

A médica endocrinologista Maria Helena Senger, professora titular da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), campus Sorocaba, afirma que é muito difícil para a maioria das pessoas conseguir emagrecer e manter o peso porque para isso é preciso investimento a longo prazo. "Não sei se a grande parcela está disposta a fazer esse investimento pessoal", diz. Conforme a médica, muitos têm pretensão inatingível, e como não conseguem alcançar essa meta, porque o sonho é maior do que a realidade, então desistem. "É o tipo de pessoa que vai para um médico e depois em outro, não se fideliza a um tipo de tratamento".

Maria Helena lembra que atualmente o que ocorre é uma pandemia de obesidade. "O mundo todo está tentando lidar com esse problema, que tem afetado bastante as crianças e adolescentes, que consequentemente vão se tornar adultos obesos", ressalta.

De acordo com a médica, esse é um problema de saúde pública mundial, e para tentar controlar a situação, tem sido desenvolvida uma série de políticas não só no Brasil, mas em todos os países. "Só que depende muito da vontade pessoal de querer mudar os hábitos alimentares. Não tem milagre. Tudo o que é modismo vai passar. O corpo precisa de disciplina, continuidade, mas as pessoas não têm paciência pra isso. No mundo que estamos vivendo tudo tem de ser imediato e o prazer vem em primeiro lugar, então elas não estão acostumadas a fazer esforço pessoal", afirma.

Aprender a se frustrar e perceber que o prazer pessoal não é a única coisa, porque a pessoa tem de aprender a viver bem e conviver com as limitações da vida são fundamentais, conforme a endocrinologista. "Lidar com as frustrações hoje é um grande problema que vem desde a infância. A pessoa não sabe receber um não e isso leva a ser muito imediatista nas respostas. O pensamento é eu mereço e por isso vou comer a caixa inteira", diz.

O organismo complementa a médica, é um só com a mente e as causas secundárias da obesidade, que são distúrbios endócrinos ou ainda o uso de alguns medicamentos, entre eles os corticóides, ocupam uma posição ínfima. Maria Helena comenta que 98% dos casos de obesidade se devem a causas exógenas e predisposição genética.

Sobre as pessoas que evitam ter vida social, sair com amigos ou ir até uma piscina, por causa da obesidade, a médica alerta que isso vira um círculo vicioso. "A pessoa não sai de casa e aproveita para ficar comendo", observa.

Questionada sobre os diversos aliados no combate à obesidade, entre eles, o uso da Programação Neurolinguística (PNL) ou mesmo a hipnose, Maria Helena acredita ser possível. "Eu não conheço, mas tudo o que você puder lapidar interação mente e corpo, acredito que ajude, pois a gente é um ser integrado". Para ela, não existe o medicamento ideal, a dieta ideal. "A pessoa deve se alimentar com mais calma. O corpo vai agradecer e a mente também".